O papel da arteterapia no processo de luto materno: técnicas e benefícios. Como superar o luto da mãe? A ausência de uma mãe deixa um vácuo difícil de mensurar, pois toca não apenas as emoções, mas também as memórias e a própria identidade. No entanto, compreender como o luto se manifesta e quais caminhos estimulam a resiliência pode transformar essa travessia em um processo de reencontro consigo mesmo.
Estudiosos nos Estados Unidos, cientistas no Japão e psicólogos na Suíça oferecem perspectivas complementares; ao mesmo tempo, profissionais renomados, como Therese Rando e David Kessler, trazem protocolos práticos.
Ademais, casos de reais de luto quando uma mãe perde um filho, ilustram como hábitos simples podem gerar avanços significativos, especialmente quando incorporamos palavras de transição para conectar ideias, tornando o texto mais fluido e acolhedor.
O que é arteterapia?
Arteterapia é uma abordagem terapêutica que utiliza processos criativos, como desenho, pintura e escultura, para promover autoconhecimento, expressão emocional e cura relacional. Através da arte, pacientes exploram sentimentos, reduzindo ansiedade, fortalecendo autoestima e melhorando o bem-estar psicológico social.
1. Fundamentos do luto materno
Definição e prevalência
Porque o luto dói tanto? Primeiramente, o sentimento de luto engloba um conjunto de reações emocionais e físicas após a perda de alguém significativo. Nos Estados Unidos, aproximadamente 10 % dos enlutados desenvolvem o transtorno de luto prolongado, caracterizado pela manutenção de sintomas intensos por mais de doze meses Prolonged Grief Disorder. Dessa forma, percebe-se que muitos indivíduos precisam de suporte adicional para retomar o ritmo da vida.
Além disso, estatísticas do CDC indicam que mais de 12 milhões de adultos relataram ideação suicida em 2021, frequentemente associada a perdas não processadas adequadamente. Consequentemente, a atenção aos sinais precoces pode evitar agravamentos perigosos e, por isso, deve ser prioridade em políticas de saúde pública.
Sintomas emocionais e físicos
Qual o maior arrependimento das pessoas no leito de morte? Entre os sintomas mais comuns estão tristeza profunda, falta de apetite e insônia. Além disso, estudos de neuroimagem revelam que o córtex cingulado anterior e a ínsula — regiões ligadas à dor física permanecem ativados em enlutados, indicando a sobreposição entre sofrimento emocional e dor corporal PMC3136304. Portanto, é fundamental abordar o luto de forma holística, incluindo cuidados médicos quando necessário.
Por fim, a variação individual depende de fatores como vínculo afetivo, circunstâncias da morte e rede de apoio. Logo, cada trajetória requer avaliação e intervenção personalizadas, pois o que funciona para uma pessoa pode não surtir efeito em outra.
Fatores de risco e indicadores
Em um estudo americano de coorte publicado no JAMA Psychiatry, adultos que perderam suas mães antes dos 40 anos apresentaram risco 1,5 vezes maior de desenvolver sintomas de luto complicado. Além disso, indivíduos sem rede familiar de suporte tinham 2,3 vezes mais chance de relatar depressão grave. Logo, fatores sociodemográficos devem ser considerados em qualquer plano de cuidado.
Ademais, o luto antecipatório aquele que ocorre quando a morte é previsível pode reduzir o impacto inicial, mas, ainda assim, não impede que a dor se manifeste intensamente após o óbito. Consequentemente, é aconselhável buscar orientação terapêutica desde o diagnóstico de doença terminal.
2. Perspectivas americanas em pesquisas clínicas
Ensaios clínicos sobre CGT
A Complicated Grief Therapy (CGT), desenvolvida por Therese Rando, combina técnicas de terapia cognitivo-comportamental e EMDR para enfrentar pensamentos disfuncionais e expor gradualmente memórias dolorosas.
Em um ensaio clínico de 2016, 70 % dos participantes apresentaram melhora “muito significativa” em até seis meses de tratamento. Assim, demonstra-se que protocolos estruturados aceleram a adaptação ao luto complicado, sobretudo quando há supervisão profissional contínua.
Além disso, quando comparada à terapia de suporte simples, a CGT mostrou redução duas vezes maior na intensidade dos sintomas, conforme métricas de escala padronizadas. Dessa maneira, reforça-se a importância de diretrizes claras e etapas bem definidas.
Grupos de apoio e tecnologia
Plataformas como GriefShare e apps como My Grief Support oferecem encontros online, exercícios guiados e monitoramento de humor. Pesquisas da Universidade de Harvard mostram que o uso constante desses recursos pode reduzir em até 30 % sentimentos de solidão e isolamento em três meses Harvard Health. Portanto, a tecnologia representa aliada no acolhimento contínuo, especialmente em regiões com acesso limitado a serviços presenciais.
Ademais, chatbots de suporte com inteligência artificial estão em fase de testes, oferecendo escuta ativa 24 horas por dia. Porém, apesar dos benefícios, esses recursos não substituem o acompanhamento por profissionais de saúde mental.
Modelos de intervenção social
Centros comunitários nos EUA adotaram programas integrados que combinam psicoterapia, atividades físicas e oficinas de arte. Por exemplo, o programa “Healing Hearts” em Chicago registrou no primeiro ano uma queda de 25 % em sintomas depressivos entre participantes que frequentaram pelo menos 80 % das sessões.
Consequentemente, modelos híbridos — misturando online e presencial — parecem ser os mais promissores para atender públicos diversos, pois ampliam o alcance sem perder a personalização.
3. Abordagens do Extremo Oriente
Morita Therapy e aceitação ativa
A Morita Therapy, criada pelo psiquiatra Shoma Morita, enfatiza a aceitação dos sentimentos, sem tentar controlá-los, seguida de ações direcionadas aos valores pessoais Morita Therapy. Uma pesquisa da Universidade de Kyoto reportou que 65 % dos pacientes relataram maior sensação de propósito após quatro meses de prática. Portanto, o foco não está em eliminar a tristeza, mas em conviver com ela de maneira produtiva.

Além disso, Morita Therapy integra princípios do budismo zen, o que pode atrair pessoas que buscam práticas mais contemplativas. Contudo, requer disciplina diária e orientação de profissionais qualificados.
Estudos populacionais japoneses
Becker et al. investigaram 5 500 enlutados no Japão, recebendo 1 078 respostas: 13 % mantinham sintomas intensos diariamente no primeiro ano Becker et al., 2022. Desses, metade buscou apoio médico ou social, revelando falhas no acesso e no direcionamento inicial ao tratamento.
Por fim, o estudo apontou que a adesão a grupos de budismo leigo — que promovem encontros semanais de canto e meditação — foi associada a melhor autorrelato de bem-estar em 48 % dos casos, comprovando que a espiritualidade também tem papel terapêutico.
Cultura, dever e resiliência
Conforme Yozo Taniyama, o senso de dever familiar no Japão pode inibir a expressão emocional, levando ao acúmulo interno de estresse Taniyama et al.. Por outro lado, Megumi Kondo-Arita observa que a combinação de meditação zen e aconselhamento religioso reduziu 40 % dos sintomas de ansiedade em curto prazo.
Dessa maneira, políticas de saúde mental no Japão estão começando a incorporar terapias tradicionais, reconhecendo que o contexto cultural influencia diretamente a eficácia das intervenções.
4. Reflexões de psicólogos suíços
Carl Gustav Jung
Jung afirmava: “Não podemos mudar nada até aceitá-lo. A condenação não liberta, ela oprime.”
Portanto, a aceitação representa o ponto de partida para a transformação psíquica e o processo de individuação, especialmente em momentos de crise existencial.
Além disso, Jung acreditava que a dor profunda abre espaço para o encontro com o inconsciente, possibilitando sonhos e insights terapêuticos que dificilmente surgiriam de outra forma.
Jean Piaget e a reestruturação cognitiva
Quanto tempo leva para superar o luto? Piaget descreveu que o indivíduo assimila e acomoda novas experiências em seus esquemas mentais Jean Piaget. Logo, o luto exige a reorganização de crenças sobre segurança e pertencimento, abrindo espaço para uma nova compreensão de si mesmo e do mundo.
Ludwig Binswanger e a existência
Binswanger, pioneiro na psiquiatria existencial, ressaltou que o confronto com a finitude pode catalisar uma revisão profunda de valores. Consequentemente, o luto torna-se oportunidade para ressignificar prioridades e metas existenciais, o que pode levar a decisões de vida mais conscientes e alinhadas com o propósito.
5. Estratégias práticas de enfrentamento
A CGT avança em quatro fases:
- (1) psicoeducação sobre o luto;
- (2) identificação de crenças disfuncionais;
- (3) exposição progressiva a memórias da mãe;
- (4) retomada de atividades significativas.
Além disso, exercícios de planejamento de rotina colaboram para a reintegração social e emocional, garantindo suporte gradual e contínuo.
Logo, pacientes que seguem rigorosamente essas etapas relatam maior sensação de controle sobre o próprio processo, reduzindo a sensação de impotência frequentemente associada ao luto.
Apoio na religião no luto
A religião oferece apoio emocional e social em momentos de perda, funcionando como fonte de fé e esperança para o enlutado. Práticas como orações, leitura de versiculo de luto, cultos e rituais de despedida promovem resiliência, aliviam o sofrimento e auxiliam na reconstrução de um sentido de propósito. Dessa forma, a espiritualidade consolida o processo de luto ao proporcionar acolhimento comunitário e reforçar valores transcendentais que amparam quem enfrenta a dor da separação.
Journaling e arte-terapia
Smyth et al. (1998) mostraram que writing therapy reduz 30 % da dor emocional em quatro semanas Smyth JM et al.. Paralelamente, estudos de musicoterapia indicam melhoria de sono e humor após sessões semanais de 60 minutos, pois a música ativa circuitos de prazer no cérebro.
Exercício físico e sono
A Organização Mundial da Saúde recomenda 150 minutos semanais de atividade moderada WHO, pois o exercício libera endorfinas que aliviam a dor emocional. Além disso, estabelecer rotina de sono evitando telas antes de dormir melhora a qualidade do descanso e favorece a recuperação mental.
Terapias complementares
Aromaterapia e acupuntura têm sido testadas em revisão da PMC6543527, apontando redução de ansiedade e melhora do bem-estar geral. Dessa forma, abordagens integrativas ampliam o leque de opções para quem busca cuidados alternativos.
6. Rede de apoio e iniciativas comunitárias
Grupos presenciais e digitais
Comunidades como Tender Hearts, de David Kessler, promovem encontros semanais online, combinando rituais de lembrança e trocas de experiências David Kessler. Além disso, iniciativas locais em centros comunitários e igrejas oferecem rodas de conversa, muitas vezes gratuitas, que auxiliam no processo de acolhimento.
Políticas públicas de suporte
O CDC Mental Health e o NIMH disponibilizam manuais e cursos gratuitos para profissionais e familiares, fortalecendo a rede de acolhimento. Portanto, aproveitar esses recursos pode fazer diferença no acesso ao tratamento adequado.
Voluntariado e ação social
Engajar-se em projetos voluntários — por exemplo, em hospitais ou lares de idosos — permite canalizar a dor em serviço ao próximo, oferecendo propósito e nova conexão social. Consequentemente, muitas pessoas relatam sentir-se úteis e mais equilibradas.
7. Rituais pessoais e culturais
Criação de memoriais
Fotolivros, vídeos caseiros e objetos simbólicos mantêm viva a presença materna. Além disso, doar em nome dela ou plantar uma árvore reforça a noção de legado contínuo, mostrando que o amor transcende o tempo.
Celebrações e datas especiais
Planejar encontros familiares em aniversários ou no Dia das Mães, compartilhando histórias e músicas que ela gostava, ajuda a transformar nostalgia em celebração. Ademais, envolver crianças nas atividades promove transmissão de memórias intergeracionais.
Práticas intergeracionais
Compartilhar memórias com crianças e adolescentes da família ensina sobre o ciclo da vida e cria laços de apoio mútuo; por conseguinte, adultos e jovens encontram conforto na partilha.
8. Casos de superação e testemunhos
Ana, de 42 anos, iniciou CGT após dois anos de isolamento. Em seis meses, retomou o trabalho voluntário no asilo local, relatando que a exposição guiada às lembranças da mãe foi crucial para ressignificar sentimentos. Além disso, ela desenvolveu um grupo de leitura para enlutados em sua comunidade, ampliando o apoio social.
Ricardo, de 55 anos, aderiu à Morita Therapy e ao journaling. Ele conta que, ao aceitar suas emoções sem julgamento, pôde retomar hobbies antigos, como a pintura, reduzindo sintomas de depressão em 50 % em quatro meses. Consequentemente, passou a oferecer oficinas artísticas para pessoas em luto em seu bairro. É preciso estar atento para detectar quando o luto vira depressão e buscar ajuda profissional.
9. Tendências e pesquisas futuras
Pesquisas em genética comportamental avaliam como variantes do receptor de oxitocina influenciam a intensidade da dor pelo luto. Ademais, chatbots baseados em IA estão sendo testados como suporte inicial para enlutados, oferecendo escuta ativa e direcionamento a recursos especializados. Dessa forma, a integração entre tecnologia e ciência promete ampliar o alcance dos cuidados.
Além disso, linhas de investigação em realidade virtual buscam criar ambientes imersivos que auxiliem no relaxamento e na exposição gradual a memórias dolorosas, o que tende a ser um avanço promissor nos próximos anos.
Conclusão
Reconstruir-se após a perda da mãe demanda paciência, acolhimento e abordagem multidimensional. Com estudos americanos, como os da JAMA Psychiatry, perspectivas japonesas de Morita Therapy e reflexões de psicólogos suíços, constrói-se uma base sólida. Ademais, as orientações de Therese Rando e David Kessler oferecem protocolos testados, enquanto práticas pessoais — journaling, exercícios e rituais afetivos fortalecem a resiliência.
Assim, cada etapa vivenciada, embora dolorosa, pode revelar força interior e promover um reencontro significativo com a própria história e os valores que a mãe ajudou a cultivar. Portanto, embora o caminho seja longo, ele também pode ser rico em aprendizados e oportunidades de crescimento.